
Do pó vieste, ao pó voltará. Parece propaganda de aspirador, mas o trecho é bíblico e, apesar dos séculos, não perdeu a validade. Está no jornal: começou a funcionar um crematório na cidade. O assunto é mórbido, porém necessário. Sempre que uma notícia assim surge, reaparece a polêmica envolvendo os que preferem o tradicional método de encarar a eternidade a sete palmos do chão e os adeptos do bronzeamento radical da carne. Apodrecer ou assar, eis a questão? Entre um e outro, confesso, prefiro os dois de uma vez a ter que passar a eternidade assistindo à programação dominical de TV. Ser enterrado é uma cerimônia mais romântica, envolve flores, choro e vela, mas não deve ser muito confortável para o defunto ficar deitado aquele tempo todo, espremido no caixão. Mesmo que ele já tenha passado desta para pior. Só se o referido tiver vocação para vampiro. A cremação é mais rápida, na base do sistema fast-fúnebre. Nada de ficar ocupando espaço em tempos onde as pessoas se apertam por aí. Em poucos minutos, o falecido, como um gênio de fábula, cabe dentro de uma garrafa, que o familiar pode levar para casa e botar na estante. O problema é se a faxineira não for muito atenta.
Bastante em voga atualmente, a questão ambiental também pode pesar na escolha. Porém, também não há consenso. Se cremar pode poluir o ar e ainda colaborar com o aquecimento global, é bom lembrar que o féretro é feito de madeira, aumentando os índices de desmatamento. Certo, mesmo, é que a concorrência deve melhorar o serviço e logo a gente as funerárias oferecerão vantagens como covas com vista para o mar ou cremação com forno à lenha. Ainda não fiz minha escolha, mas devo optar pelo método tradicional. Afinal, nunca fiquei bem de cinza."A cremação é mais rápida, na base do sistema fast-fúnebre"

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